A PAIXÃO DE GIBSON E O MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO QUARESMÁTICA
Nunca esqueci da primeira vez que fui ao cinema. Eu era bem
pequeno ainda, bem pequeno mesmo! Minha mãe me levou para assistir “Fantasia”,
de Walt Disney. Bem, eu detestei, aliás, alguém consegue gostar daquele desenho
sem estar drogado?
Enfim, apesar da primeira experiência traumática, me tornei
um apaixonado por cinema. Não do tipo “Rubens Ewald Filho”, mas daqueles que
não trocam um bom filminho por quase nada nessa vida.
Aproximadamente aos 5 ou 6 anos de idade fui assistir King
Kong, descobri, então, o quanto posso ser influenciado pelo poder quase
hipnótico da telona. Ao sair do cinema não conseguia parar de urrar, imitando o
gorila gigante que lutava contra aviões no topo do World Trade Center. Bons
tempos aqueles em que não haviam super efeitos de computação gráfica e ainda
havia o World Trade Center…
Parece estúpido, mas apesar de ter crescido e amadurecido
(um pouco), continuo com essa mania: sempre saio do cinema repetindo alguma
frase marcante do texto, imitando algum personagem... Faço sem notar e também
sem parar, é algo que me toma.
O que me conforta é saber que não sou um caso isolado, não é
à toa, por exemplo, que o governo americano patrocina filmes de cunho
ideológico e não é à toa também que existe uma rígida legislação sobre
propaganda em cinema impondo várias restrições.
Bom, movido por essa força e pela enxurrada de reportagens
em todo tipo de mídia, em plena terça-feira à tarde, escapei do trabalho e
corri ao shopping na intenção de assistir o recém estreado “A Paixão de
Cristo”, de Mel Gibson.
Uma verdadeira obra de evangelização, não produzida pela
Igreja (apesar de ter todo o apoio dela), ou alguma associação ou fundação, mas
produzida simplesmente por um leigo católico, fiel e corajoso.
Por coincidência eu estava vestindo minha camiseta da banda
União, que na estampa tem uma imagem que mais parece um frame da cena da
crucificação, um sinal de que eu não poderia adiar por nem mais uma seção.
Sentei-me bem no meio do cinema, sozinho, sem minha
namorada, sem nenhum amigo, apenas eu e a boa vontade em fazer daquilo uma
sagrada experiência. Apesar de saber exatamente o que aconteceria por já ter
lido inúmeras vezes nos evangelhos, o coração batia forte pela expectativa
causada por tantas polêmicas que rodeiam o fime.
A primeira cena: Jesus no Getsemani, o Jardim das Oliveiras
e “só a lua a iluminar a angústia de um homem Deus”. Jesus esta aterrorizado
por antecipar no coração tudo o que estava prestes a passar.
Pouco tempo depois chegam os soldados e junto com eles,
Judas. Daí em diante Jesus passa a ser alvo de todo o tipo de insultos e
humilhação, é um festival de bofetadas, socos, pontapés, sopapos chibatadas,
cusparadas... Mel Gibson não economizou no realismo, duas horas de massacre de
dar inveja a Jason e Fredy Kruger juntos.
Violência explicita, sim, mas muito mais que isso, comoção e
tristeza por saber que Ele passou por tudo isso por minha culpa. Ele não
merecia, mas por me amar, quis assumir um castigo reservado a mim.
Impossível conter o choro, eu até que tentei por inúmeras
vezes, mas não deu.
Ao sair do filme, não tinha como não observar a reação das
pessoas no corredor, era como assistir uma espécie de procissão em silêncio,
silêncio esse cortado apenas por alguns ruídos de choro baixinho, aqui e ali.
Dessa vez não imitei personagens, nem romanos, nem judeus,
só o que consegui fazer foi ficar calado, abalado e com um nó na garganta que
não passava, mas acima disso, com o sentimento de que dei um upgrade na minha
quaresma.
Para finalizar, vou clicar em forward e repassar a dica que
recebi de uma colega: assista ao filme e depois ouça “Foi Por Você”, do segundo
CD dos Anjos de Resgate.
A tempo, não quero entrar na discussão histórica se quem fez
tudo aquilo com Jesus foram os judeus ou os romanos, mas assumir sim que quem
fez isso a Ele fomos você e eu com nossas culpas.
“Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo tende piedade
de nós”
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