domingo, 9 de junho de 2013

Distrito 9

Discriminação, racismo, apartheid. Acreditamos que essas palavras, e os conceitos por trás delas, estão aos poucos ficando desatualizados. Mas se uma nave cheia de extraterrestres feios e parecidos com insetos viesse pedir asilo aqui na terra como os trataríamos?

É essa a trama desse filme um pouco perturbador de Neil Blomkamp. Com um orçamento relativamente baixo comparado com as superproduções de Hollywood o diretor consegue efeitos convincentes em cima de uma trama muito interessante. Gosto muito de ficção científica e confesso que tenho buscado filmes de ficção científica que não mostre sempre um cenário pós-apocalíptico, Contato, analisado recentemente, é outro exemplo de filme assim. 

Poucos filmes ultimamente mostram um cenário futuro onde um vírus destruiu a humanidade, ou os alienígenas ou nós mesmos nos destruímos. Não sei o que esses autores tem na cabeça mas minha visão de futuro não é tão negativa.


Como eu ia dizendo, esse filme é diferente dos outros filmes de ficção científica pois é filmado em uma perspectiva de futuro imediato ou presente e que não tem uma visão de fim do mundo, mas mostra a capacidade humana de desvalorizar a vida, de discriminar, excluir o desconhecido.

Este filme pode ser apresentado aos jovens em retiros e grupos de movimentos jovens para gerar uma discussão saudável sobre a discriminação o valor da pessoa humana e se realmente a ciência tem o direito de avançar ao custo da vida humana, seja de uma só pessoa ou de vários embriões (não procurem embriões no filme, usei porque a discussão pode ser levada para esse lado).

É um filme muito bom, que não toca questões fundamentais da fé mas que toca questões de humanidade e a Igreja como "especialista em humanidade" (Papa Paulo VI) tem muito a contribuir nessa discussão. Sugiro o estudo do Compêndio da Doutrina Social da Igreja como base de estudo e discussão.

O amor tem diante de si um vasto campo de trabalho e a Igreja, nesse campo, quer estar presente também com a sua doutrina social, que diz respeito ao homem todo e se volve a todos os homens. Tantos irmãos necessitados estão à espera de ajuda, tantos oprimidos esperam por justiça, tantos desempregados à espera de trabalho, tantos povos esperam por respeito: "Como é possível que ainda haja, no nosso tempo, quem morra de fome, quem esteja condenado ao analfabetismo, quem viva privado dos cuidados médicos mais elementares, quem não tenha uma casa onde abrigar-se? E o cenário da pobreza poderá ampliar-se indefinidamente, se às antigas pobrezas acrescentarmos as novas que freqüentemente atingem mesmo os ambientes e categorias dotadas de recursos econômicos, mas sujeitos ao desespero da falta de sentido, à tentação da droga, à solidão na velhice ou na doença, à marginalização ou à discriminação social. [...] E como ficar indiferentes diante das perspectivas dum desequilíbrio ecológico, que torna inabitáveis e hostis ao homem vastas áreas do planeta? Ou em face dos problemas da paz, freqüentemente ameaçada com o íncubo de guerras catastróficas? Ou frente ao vilipêndio dos direitos humanos fundamentais de tantas pessoas, especialmente das crianças?"(Compêndio da Doutrina Social da Igreja N.5)
Para quem gosta de ação, ficção científica que sai dos padrões e da mesmice, mesmo que não queira aprofundar as questões sociais é um filme que cumpre os seus objetivos. Cuidado com as cenas de violência  que podem ser um pouco chocantes especial pela indiferença ao sofrimento do outro. Mas, mesmo assim, a classificação é positiva. ·

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