A Quaresma é um tempo litúrgico de conversão. É um tempo onde toda Igreja se prepara para a grande festa da Páscoa. Nesses quarenta dias, nós católicos, vivemos um tempo de arrependimento de todos os pecados que cometemos e procuramos mudar para sermos pessoas melhores e poder viver mais próximo de Cristo.
Iniciamos o período quaresmal na Quarta feira de Cinzas e termina antes da Missa de Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa. Ao longo deste tempo, principalmente na Liturgia do Domingo, fazemos um esforço para recuperar o ritmo e o estilo dos verdadeiros crentes que devemos viver como filhos de Deus.
A cor deste tempo litúrgico é roxa, que significa o luto e a penitência. É um tempo de reflexão, de conversão espiritual, tempo de se preparar para o mistério pascal. Na Quaresma, Cristo nos convida a mudar de vida. A Igreja nos convida a viver a Quaresma como um caminho a Jesus Cristo, escutando a Palavra de Deus, rezando, compartilhando com o próximo e fazendo boas obras. Convida-nos a viver uma série de atitudes cristãs que nos ajudam a tornarmos mais semelhantes a Jesus, já que por ação dos nossos pecados, ficamos mais afastados de Deus.
Por tudo isso, a Quaresma é um tempo de perdão e de reconciliação fraterna. Diariamente temos de afastar do nosso coração o ódio, o rancor, a inveja, as armaduras que se opõe ao nosso amor a Deus e aos irmãos. Na Quaresma, aprendemos a conhecer e apreciar a Cruz de Jesus. Com isso, aprendemos também a tomar a nossa cruz com alegria para alcançar a glória da ressurreição.
Somos chamados a concretizar o desejo de conversão realizando as seguintes obras: indo ao encontro do Sacramento da Reconciliação (Penitência ou Confissão), fazendo uma clara confissão e arrependendo-nos de todo coração, superando as divisões, perdoando e confiando no espírito fraterno, praticando as obras de misericórdia.
É também um momento forte para a reflexão do tema proposto para a Campanha da Fraternidade, que neste ano aborda o trabalho escravo. Com o tema: “Fraternidade e Tráfico Humano” e lema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1), a campanha mostra que o tráfico “rompe com o projeto de vida na liberdade e na paz e viola e a dignidade e o direito do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus”.
Vivenciar a Quaresma é também viver o sofrimento das pessoas que são exploradas e enganadas. É ver nesse irmão, a dor da separação. É perceber que, assim como Jesus – que se retira para viver 40 dias no deserto, passando fome, sede e sendo constantemente tentado – as vítimas do tráfico humano também são afastadas de suas famílias, são levadas para lugares distantes, sem comunicação, sofrem com a falta de comida e uma moradia decente e na maioria das vezes, são tentadas a abandonarem Deus e viver como pagãos.
Ao recordar, assim, estas exigências, no contexto da Quaresma, a Igreja quer pôr em realce o aspecto religioso das mesmas. Efetivamente, pode-se dar sem haver uma verdadeira comunhão; pode-se contribuir sem uma real participação; e pode mesmo alguém renunciar a certas coisas sem ter um autêntico espírito de pobreza. Mas, quem fizer um esforço verdadeiro, quem procurar dar sincera ajuda aos seus irmãos e quem aceitar ter a própria parte na Cruz de Cristo, não corre certamente esses riscos.
Se a Quaresma for animada pela caridade evangélica e se ela levar a uma atuação prática, a assistência material ficará assegurada. A Quaresma deve levar a uma intensificação da fraternidade, da justiça, da comunhão na prosperidade e do amor. Assim, ela será para nós motivo de verdadeira alegria quando chegar a hora de evocar a Ressurreição do Senhor.
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